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APTA é uma das finalistas em evento internacional
de inovação em saúde animal
Agência apresentará produto inédito capaz
de substituir os antibióticos na produção de bovinos de corte
A Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, é uma das seis finalistas
da Animal Health Innovation Latin America, na categoria Showcase
Regional 2018. Entre 29 e 30 de maio de 2018, a APTA apresentará
seu suplemento alimentar à base de anticorpos para substituir o
uso de antibióticos na produção de bovinos de corte. O evento
reunirá mais de 130 líderes do setor, instituições públicas,
start-ups e pesquisadores com o intuito de celebrar a inovação e
colaboração dentro do setor de saúde animal. As tecnologias
selecionadas estão disponíveis aos participantes e empresas que
podem agendar reuniões de negociação com os pesquisadores. A
Animal Health Innovation Latin America é uma iniciativa da
Kisaco Research.
A APTA foi a única instituição de pesquisa selecionada para
apresentar seu trabalho e concorrerá com as empresas Handvet,
Laboratório Profitus, Soluções Genômicas, Thinkmilk e H4Hoofs
Tecnologia da Informação. “Estar entre os finalistas é muito
importante para a APTA para o estabelecimento de parcerias com a
iniciativa privada visando escalonar a produção desse produto.
Além disso, é uma oportunidade de intercâmbio com a comunidade
científica internacional”, afirma Geraldo Balieiro Neto,
pesquisador da Agência.
Segundo Balieiro Neto, os ruminantes não podem ser alimentados
como aves, suínos e peixes em função da enorme variação na
composição e qualidade do volumoso, assim como os sistemas de
produção em confinamento ou pastagens, o que impede a
padronização do balanceamento da dieta e da qualidade do produto
final. “Em sistemas intensivos são utilizadas quantidades de
concentrados promovendo alto desempenho e reduzindo a variação
na dieta e na qualidade da carne bovina, no entanto se faz
necessário uso de antibióticos para evitar acidose metabólica.
Os antibióticos atuam como promotores de crescimento, mas acabam
trazendo prejuízo para a saúde humana, com a seleção de
superbactérias, por isso, estão sendo proibidos em países
europeus”, explica.
O produto que será apresentado pela APTA é a base de anticorpos
associados a L-Lisina HCL e tem a mesma função dos antibióticos
na produção de bovinos de corte com a diferença de ter efeito
específico contra bactérias indesejáveis, ou seja, aquelas que
causam de fato prejuízo para saúde e o ganho de peso dos animais.
“O produto contendo Streptococcus equinus JB-1 associado à L-Lisina
permite reduzir ao máximo a quantidade de fibras da dieta,
padronizando a alimentação e mantendo os animais saudáveis no
confinamento”, afirma.
As pesquisas para desenvolver o produto vêm sendo desenvolvidas
pela APTA desde 2012. Este é o primeiro produto brasileiro com
essas características. De acordo com o pesquisador, é provável
que no Brasil o registro de antibióticos no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) seja alterado para
medicação com uso terapêutico, necessitando de prescrição do
médico veterinário e passando a ser administrados pela água ou
via injetável, o que encarecerá sua utilização. “Estamos
disponibilizando uma alternativa inovadora aos produtores,
antevendo a demanda”, afirma o pesquisador.
O pesquisador afirma que caso sejam propostos novos sistemas de
regulação e monitoramento do uso e venda de medicamentos
antimicrobianos para animais, alterando-se os critérios que
permitem o uso dos antibióticos como aditivo alimentar, a não
utilização da tecnologia implicaria em perdas da ordem de 12% no
ganho de peso. “Se isso ocorrer e não existir alternativa no
mercado, a carne ficará mais cara na prateleira e o Brasil
perderá competitividade”, diz.
O produto desenvolvido pela APTA pode ser inserido na ração e
possui a mesma funcionalidade dos antibióticos, com a diferença
de que os antibióticos inibem o crescimento de bactérias gram-positivas,
incluindo microrganismos benéficos aos animais. “Durante a
pesquisa percebemos que o efeito dos antibióticos é superior
inicialmente e inferior no terço final do período de
confinamento quando comparado ao produto desenvolvido pela APTA.
Esse aumento do ganho de peso proporcionado pelo produto natural
é um plus, mas o maior atrativo é substituir o antibiótico, que
está em vias de controle pelo MAPA. Estamos nos antecipando a um
problema e promovendo maior segurança alimentar”, explica
Balieiro.
Superbactérias
Um estudo encomendado pelo governo britânico, coordenado pelo
pesquisador Jim O’Neill, alerta que mais de 10 milhões de
pessoas devem morrer anualmente infectadas por superbactérias
até 2050. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), há
consenso sobre a ameaça global de infecções resistentes a
antibióticos que, em média, matam mais de 700 mil pessoas por
ano, número que, de acordo com especialistas, poderá ser
bastante superior e que, portanto, merece atenção urgente de
líderes mundiais.
A publicação Review on Antimicrobial Resistance, entre outras
ponderações, recomenda reduzir o uso desnecessário de
antibióticos na agricultura e pecuária, estabelecer um Fundo de
Inovação Global de US$ 2 bilhões para pesquisa em estágio
inicial e promover o uso de vacinas e alternativas aos
antibióticos. Nos Estados Unidos, 70% dos antibióticos são
usados em animais.
“Pesquisas como essa são importantes para dar segurança ao
produtor brasileiro e a toda a cadeia produtiva. A APTA, por
meio do estabelecimento dos Núcleos de Inovação Tecnológica e
devido ao novo arcabouço jurídico, tem se aproximado do setor de
produção, disponibilizando ao mercado produtos e processos
inovadores, uma recomendação do governador Márcio França”,
afirma Francisco Jardim, secretário de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
(19) 2137-8933