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APTA apoia PIPE-FAPESP para desenvolvimento de sistema inovador de criação de tilápias
A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo, apoia projeto com recurso do Programa Pesquisa Inovativa
em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP) para o desenvolvimento de um
sistema inovador de criação de tilápias. O projeto é
desenvolvido pela empresa Fisher Piscicultura e está em fase
final de testes no Rio Grande, Reservatório de Água Vermelha, na
divisa entre São Paulo e Minas Gerais.
O protótipo consiste em um tanque redondo de alumínio flutuante
em garrafas pet. Segundo os responsáveis pelo trabalho, o tanque
tem um silo em seu centro com capacidade para armazenar 1.200
quilos de ração, que é liberada em dosagem adequada 48 vezes por
dia. Os sistemas tradicionais de produção são manuais e
quadrados. A dispensa da ração é medida com uma caneca e jogada
aos viveiros de três a quatro vezes por dia, por meio de um
funcionário.
“O novo sistema traz mais agilidade e eficiência na alimentação
das tilápias e redução dos custos de produção. É um produto
destinado aos grandes empreendimentos localizados,
principalmente, em barragens de hidrelétricas”, afirma Célia
Maria Doria Frasca Scorvo, pesquisadora da APTA que integra o
projeto.
“O temporizador modula a alimentação dos peixes e torna os
cardumes mais homogêneos. Se o peixe come regularmente, estará
sempre saciado, comendo só o que precisa”, conta David Paulino,
sócio da Fisher Piscicultura, que detêm a patente do tanque.
A taxa de mortalidade dos peixes durante o processo de produção
também é menor com a utilização do tranque redondo. Normalmente,
a mortalidade da tilápia ultrapassa 20% nas pisciculturas
comerciais, enquanto no produto da Fisher chega a 8%. A meta da
empresa é baixar ainda mais esse índice. A baixa mortalidade
está associada ao sistema de classificação do tamanho das
tilápias. Em sistema tradicional, ao atingir determinado tamanho,
o peixe é retirado do tanque e colocado em outro – o que causa
muita mortalidade. No novo sistema, os peixes não são retirados
da água para a troca de tanque, pois as telas do sistema
conduzem os peixes maiores para outro compartimento, que é
retirado do circulo central do tanque e deslocado para outro
ambiente.
Outra vantagem do novo sistema de produção é a facilidade de
manutenção e limpeza das estruturas para a extração do mexilhão
dourado, um molusco trazido acidentalmente em lastro de navios
da Ásia e que se transformou em uma praga nos rios da região Sul,
Sudeste e em algumas localidades do Centro-Oeste. Os tanques da
empresa Fisher emergem e ficam fora da água por meio da injeção
de ar em tambores na parte inferior da estrutura de alumínio.
Nos criadores tradicionais é necessário o uso de balsas com
guinchos para elevar os tanques ou contratar mergulhadores para
fazer esse serviço.
Testes
A APTA apoia o projeto com financiamento do PIPE-FAPESP que
analisa o manejo dos peixes em uma versão comercial, com
experimentos em tanques com 60 mil, 80 mil e 100 mil peixes.
“Este é o segundo PIPE-FAPESP que a APTA apoia da Fisher. Desde
2014, realizamos testes para a empresa para mostrar quais pontos
precisam ser melhorados. A ideia é melhorar o projeto do tanque
antes de disponibilizá-lo ao setor produtivo, com um plano de
negócios. Acreditamos que o produto será muito bem aceito, por
trazer grandes melhorias para as pisciculturas brasileiras”,
explica Célia. O projeto é coordenado pelo pesquisador
aposentado da APTA Regional, João Donato Scorvo Filho. Também
participam os pesquisadores, Daniela Castellani, Eduardo
Abimorad e Giovanni Gonçalves, do Instituto de Pesca (IP-APTA),
e o professor Claudio A. Agostinho, da Universidade Estadual
Paulista (Unesp-Botucatu).
De acordo com Célia, projetos como esse é importante tanto para
a empresa que está desenvolvendo o produto, como para a
instituição pública de pesquisa. “É uma relação de ganha-ganha.
Está sendo um desafio para nós ajudarmos no desenvolvimento e
aperfeiçoamento deste produto. Com certeza essa experiência será
levada por nós em outros projetos de pesquisa”, comemora a
pesquisadora.
Com a finalização do segundo projeto de apoio do PIPE-FAPESP, a
Fisher já solicitou recursos para o PIPE fase 3 para a Fundação
com o objetivo de finalização e colocação do produto no mercado.
Tilápia
A tilápia é o peixe mais criado no Brasil e o quarto em todo o
mundo. Segundo a Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR),
a produção brasileira foi de 357,6 mil toneladas em 2017, um
crescimento 13,48% em relação ao ano anterior. De acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a
criação de tilápia movimentou R$ 1,335 bilhão em 2016.
“Trabalhos como esse são fundamentais para avançarmos na
produção brasileira de alimentos. Estreitar ligação entre as
instituições públicas de ciência e tecnologia e as empresas é
uma peça fundamental para isso e bastante incentivada pelo
governador Márcio França”, afirma Francisco Jardim, secretário
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Por Fernanda Domiciano com informações da Agência FAPESP
Créditos Foto: Fisher Piscicultura